CAPÍTULO I A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E NOÇÕES BÁSICAS DE |
1.1 Resumo estrutural da evolução da contabilidade A contabilidade, desde seu aparecimento como conjunto ordenado de conhecimentos, com objeto e finalidades definidas, tem sido considerada como arte, como técnica ou como ciência, de acordo com a orientação seguida pelos doutrinadores ao enquadrá-la no elenco das espécies do saber humano, segundo FRANCO (1997). Para muitos autores, que a consideram um conjunto de conhecimentos sistematizados, com princípios e normas próprias, ela é, na acepção ampla do conceito de ciência, uma das ciências econômicas e administrativas. 1.2 Objetivos e limites do capítulo O objetivo desse capítulo é apresentar uma breve revisão da evolução histórica da contabilidade, de forma estrutural, isto é, preocupando-se mais com tendências e formas evolutivas do que com nomes e datas. Portanto, as citações são realizadas para melhor ilustrar certa forma evolutiva da contabilidade. A não citação de datas ou de nomes na história da disciplina não significa que não sejam importantes. Essa síntese histórica é feita com base em avaliação crítica. 1.3 Origem da contabilidade Conforme IUDÍCIBUS (2000), de acordo com a história, podemos afirmar que a noção de conta e, portanto, de contabilidade seja, talvez, tão antiga quanto à origem do Homo sapiens. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da existência de contas aproximadamente a 4.000 anos antes de Cristo (de agora em diante, a.C.). Entretanto, antes disto, o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos e contar suas ânforas de bebidas, já está praticando uma forma rudimentar de contabilidade. Na invenção da escrita, a representação dos números normalmente tem sido uma precedência histórica. Logo, é possível localizar os primeiros exemplos completos de contabilidade, seguramente, no quarto milênio a.C, entre a civilização sumério-babilônica. Mas é possível que algumas formas rudimentares de contagem de bens tenham sido realizadas bem antes disto, talvez por volta do sexto milênio a.C. É claro que a contabilidade teve evolução relativamente lenta até o aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de mercadorias, os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros, porém, obviamente, trata-se de um mero elenco de inventário físico, sem avaliação monetária. Entretanto, a preocupação com as propriedades e a riqueza é uma constante no homem da antiguidade (como hoje também o é), e o homem teve de aperfeiçoar seu instrumento de avaliação da situação patrimonial à medida que as atividades foram se desenvolvendo em dimensão e em complexidade. A contabilidade reflete um dos aspectos dos anseios mais enraizados no homem hedonístico, isto é, "põe ordem nos lugares em que reinava o caos, toma o pulso do empreendimento e compara uma situação inicial com outra mais avançada no tempo", de acordo com IUDÍCIBUS (2000). De certa forma, o "homem contador" ou "administrador" põe ordem, classifica, agrega e inventaria o que o "homem produtor", em seu anseio de produzir, vai, às vezes, desordenadamente, amealhando, dando condições a este último de aprimorar, cada vez mais, a quantidade e a qualidade dos bens produzidos, por meio da obtenção de maiores informações sobre o que conseguiu até o momento. Muito do que a contabilidade é pode ser aferido pelo que a contabilidade realiza, dentro da atividade econômica. Pode-se, facilmente, verificar que um sistema simples de registro e análise contábil não falta, nem mesmo na mais rudimentar das organizações. Em certas organizações pequenas, pode-se ainda faltar o economista, o engenheiro, o projetista, mas certamente não falta o contador e o administrador para "tocar" a escrituração, como vulgarmente se afirma. Isso caracteriza a essencialidade da função contábil. E, de acordo com a evolução da forma organizacional e com as dimensões do empreendimento, avoluma-se e enobrece-se a função do contador e do administrador. O contador e o administrador tornam-se os primeiros analistas das informações produzidas pelo sistema por eles montado e um dos auxiliares mais importantes dentro da entidade. Assim, a importância e a essencialidade da contabilidade são indispensáveis para os iniciados. Mesmo assim, essa essencialidade e, por que não dizer, a extraordinária beleza desta nobre e antiga disciplina são por poucos reconhecida, e, estes poucos são, normalmente, pessoas de grande experiência e descortino. O acompanhamento da evolução do patrimônio líquido das entidades de qualquer natureza constituiu-se no fator mais importante da evolução da disciplina contábil. Vimos, assim, que a Contabilidade é tão antiga quanto o homem que pensa. Se quisermos ser pessimistas, é tão antiga quanto o homem que conta e que é capaz de simbolizar os objetos e seres do mundo por meio da escrita, que nas línguas primitivas tomava, em muitos casos, feição pictórica. Em termos de entendimento da evolução histórica da disciplina, é importante reconhecer que, raramente, o "estado da arte" se adianta muito em relação ao grau de desenvolvimento econômico, institucional e social das sociedades analisadas, em cada época. O grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações. É, assim, fácil de entender, "passando por cima" da antiguidade, porque a contabilidade teve seu florescer, como disciplina adulta e completa, nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras, segundo IUDÍCIBUS (2000). Nessas cidades e em outras da Europa fervilhavam a atividade mercantil, econômica e cultural, mormente, a partir do século XIII até o início do século XVII. Representavam o que de mais avançado poderia existir, na época, em termos de empreendimentos comerciais e industriais incipientes. Foi nesse período, obviamente, que Pacioli escreveu seu famoso Tractatus de Computis et Scripturis, provavelmente, o primeiro a dar uma exposição completa e detalhada, ainda hoje atual, da Contabilidade. 1.4 Algumas datas e eventos importantes na evolução histórica da contabilidade Apesar dessa breve retrospectiva ter assumido um caráter evolutivo, crítico, não podemos deixar de citar e comentar algumas datas importantes na evolução histórica da disciplina, conforme lembra IUDÍCIBUS (2000). São omitidos os primórdios e a antiguidade greco-romana, porque não apresentam destacado interesse para o desenvolvimento desta Monografia.
A partir de 1.920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-americana dentro da contabilidade, influenciada pela ação das subsidiárias que se estabeleceram em vários países, inclusive na Europa. A predominância desta ou daquela escola, nesta ou naquela época, nada mais é do que a conseqüência natural do grau de integração entre as teorias esposadas e as práticas empresariais, e entre as instituições econômicas e sociais. 1.5 Conceito de contabilidade Pode-se definir a contabilidade como uma ciência social que estuda e pratica as funções de controle e de registro relativas aos atos e fatos da administração e da economia. Mais especificamente, trata-se do estudo e do controle do patrimônio das entidades (empresas). Isso é feito por meio dos registros contábeis dos fatos e das respectivas demonstrações dos resultados produzidos. Exemplo típico de demonstração é o balanço patrimonial, segundo IOB (2001). 1.6 Função da contabilidade Sua função é registrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objetivando fornecer informações, interpretações e orientações sobre a composição e as variações desse patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores. 1.7 Finalidade da contabilidade Como ressalta FRANCO (1997), a contabilidade alcança sua finalidade através do registro, da classificação, da demonstração, da auditoria, da análise e da interpretação de todos os fatos relacionados com a formação, a movimentação e as variações do patrimônio administrado, vinculado à entidade. Sua finalidade é, pois, assegurar o controle desse patrimônio, fornecendo a seus administradores informações e orientações necessárias à ação administrativa, bem como a seus titulares (proprietários do patrimônio) e demais pessoas relacionadas a ele além de dar, informações e interpretações sobre o estado patrimonial e o resultado das atividades desenvolvidas pela entidade para alcançar seus fins. Portanto, seu fim é controlar os fenômenos ocorridos no patrimônio de uma entidade, através do registro, da classificação, da demonstração expositiva, da análise e interpretação dos fatos nele ocorridos, objetivando fornecer informações e orientação necessárias à tomada de decisões sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. 1.8 O objeto de estudo da contabilidade Seu objeto de estudo é o patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa ou entidade) e seu campo de aplicação é o das entidades econômico-administrativas, assim chamadas aquelas que, para atingirem seu objetivo (econômico ou social) utilizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo que pratica os atos de natureza econômica e financeira necessários a seus fins. Daí, conclui-se que somente os patrimônios ociosos, não produtivos e não administrados podem dispensar a ação controladora, informativa e orientadora da contabilidade. As variações patrimoniais são qualitativamente representadas pelos diversos tipos de receitas (também chamados ingressos) e de despesas (gastos ou saídas de bens) e quantitativamente por seus respectivos valores. 1.9 Meios de que se utiliza a contabilidade Segundo FRANCO (1997), para atingir sua finalidade, a contabilidade utiliza-se das seguintes técnicas contábeis:
Escrituração - é o registro dos fatos que ocorrem no patrimônio. Esse registro é feito em ordem cronológica, o que dá à contabilidade característica da verdadeira história do patrimônio. Não se cinge a esse aspecto histórico, entretanto, sua função, pois os registros evidenciam a expressão monetária dos fatos e os selecionam de acordo com a natureza de cada um, proporcionando sua classificação em grupos homogêneos, que distinguem os diversos componentes do patrimônio e suas respectivas variações. Demonstrações Contábeis - o simples registro e classificação dos fatos, dados seu volume e heterogeneidade, não são elementos suficientes para permitir que a contabilidade atinja sua finalidade informativa e orientadora. Daí, são esses fatos condensados em demonstrações expositivas que recebem a denominação genérica de demonstrações contábeis. Quando essas demonstrações têm em vista a exposição dos componentes patrimoniais, recebem o nome de balanço patrimonial. Quando visam demonstrar as variações patrimoniais e o resultado econômico de um período administrativo, recebem a denominação de demonstração do resultado do exercício. Existem ainda outros tipos de demonstrações contábeis, que recebem denominações específicas, tais como: demonstração das origens e aplicações de recursos, demonstração de lucros e prejuízos acumulados e demonstração das variações do patrimônio líquido. Auditoria Contábil para confirmar a adequação dos registros e das demonstrações contábeis aos princípios fundamentais e às normas estabelecidas, a contabilidade se utiliza também de uma técnica que lhe é própria, chamada auditoria contábil, ou simplesmente auditoria, que consiste no exame de documentos, livros e registros, obedecendo a normas específicas de procedimento, com o objetivo de verificar se as demonstrações contábeis representam, adequadamente, a posição econômico-financeira do patrimônio e os resultados do período administrativo, de acordo com os princípios fundamentais e as normas de contabilidade, aplicados de maneira uniforme em períodos sucessivos. Análise de Balanços como algumas das demonstrações contábeis são sintéticas e nem sempre fornecem informações e orientações esclarecedoras sobre a composição analítica do patrimônio e de suas variações, a contabilidade dispõe de mais uma técnica especializada, denominada análise de balanços. Esta permite decompor, comparar e interpretar essas demonstrações, oferecendo, aos interessados na riqueza patrimonial, dados analíticos e interpretações sobre os componentes do patrimônio e sobre os resultados da atividade econômica desenvolvida pela entidade, informações essas indispensáveis à tomada de decisões. CAPÍTULO II INTRODUÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE GERENCIAL 2.1 Noções preliminares A Contabilidade tem experimentado muitas mudanças nos anos recentes. As pressões inflacionárias e seus efeitos nos relatórios contábeis têm sido muito discutidos, bem como maior ênfase no tratamento da contabilidade como instrumento do modelo preditivo e decisório da administração. O campo da contabilidade gerencial, em particular, e da contabilidade, em geral, está em contínua evolução. É de vital importância viver este período de renovado florescer da contabilidade no Brasil, sendo certo que esta Monografia pretende contribuir para um melhor entendimento da contabilidade gerencial a serviço da administração. 2.2 Um breve histórico e aplicações Historicamente, a contabilidade gerencial tem um nascimento semelhante ao da contabilidade fiscal. Os usuários internos, da contabilidade na empresa, muito interessados em alguns aspectos específicos, passam a desejar mais detalhes e informações. A administração das empresas, observando que a preocupação básica da contabilidade geral é com o patrimônio global da empresa e notando a necessidade de uma estrutura de informações relativa a detalhes internos, passa a criar um sistema com um maior número de dados específicos. Isso leva à criação da contabilidade de custos, que passa a ser o primeiro campo da contabilidade gerencial. Inicialmente, portanto, a contabilidade gerencial surge como uma continuação da contabilidade geral, a ponto de muitos dizerem que ela não existe e que é, simplesmente, um detalhamento maior de alguns itens já abrangidos pela contabilidade geral. Todavia, com o decorrer do tempo, há necessidade de informações que a administração das empresas passa a exigir em formato cada vez mais distinto daquele prescrito pela contabilidade geral, que, por sua vez, está amarrada aos princípios fundamentais da contabilidade. Mesmo dentro do campo da contabilidade de custos, com o desenvolvimento do custeio variável ou direto, o profissional vê-se diante de um dilema, pois muitas administrações têm interesse num sistema de custeamento com base nessa forma de apropriação, e que conflita com os princípios da contabilidade geral. Com isso, passa-se, muitas vezes, a ter, para finalidades internas, custo dos produtos vendidos e estoques avaliados à base do custeio direto e, para finalidades externas, à base do custeio por absorção. Nesse caso, a contabilidade gerencial (interna) apresenta um balanço e um resultado diferentes dos levantados pela contabilidade geral. Mesmo que o responsável por uma e outra seja um só profissional. Há, então, um início de efetiva divisão. Hoje, com a globalização da economia e a internacionalização dos mercados, os meios de controles internos, as formas de análise e interpretações de dados não se prendem a formas tão rígidas quanto aquelas da contabilidade geral. Todavia, essa flexibilização é relativa, ocorrendo somente dentro de certos parâmetros nos diversos setores de atividade, caso contrário, a diversificação leva à confusão e imprecisão, inviabilizando a análise comparativa de dados. Num passado recente, a convivência com altos índices inflacionários, dão razões para que haja um sistema contábil paralelo, ou melhor, complementar. Nesse ambiente, empresas industriais e comerciais precisam, por exemplo, com extrema agilidade e confiabilidade, ter a sua disposição uma avaliação do custo dos produtos vendidos e dos estoques à base dos preços de reposição, hipótese não provida, normalmente, pela contabilidade geral. Existem várias empresas que, com a extinção da correção monetária de balanço, para controle interno, continuam elaborando demonstrações indexadas. Temos também o caso das multinacionais ou empresas que elaboram negócios no mercado externo e mantêm demonstrações paralelas, baseadas numa contabilidade na qual tudo é registrado ou convertido numa moeda estrangeira e não, em reais. Mas, não é só um problema de avaliação em decorrência da inflação. Seguidamente, há necessidades gerenciais de informações que não se coadunam com os ditames da contabilidade geral. Por exemplo, apropriações de resultados mensais à base do percentual de execução das encomendas, quando estas são executadas a prazo inferior a um ano. Para a contabilidade geral, os resultados são apurados apenas no momento da entrega final da encomenda, mas gerencialmente são necessárias não raras, apropriações mensais, proporcionalmente a que se realiza em cada período. Outros exemplos podem ser levantados, como no caso da destinação dos encargos financeiros que, gerencialmente, algumas entidades passam a alocar produtos e ativos financiados e não, por período. Há também o caso, bastante conhecido, das empresas que, por influência germânica, alocam, apenas na sua contabilidade gerencial, custos calculados ou imputados, tais como: juros sobre capital próprio, aluguel de imóvel próprio e outros custos de oportunidade. Registram esses sacrifícios e os imputam a produtos, divisões etc., de forma que avaliam melhor, internamente, os vários desempenhos gerenciais. A contabilidade divisional que faz a apuração de resultados de divisões ou de departamentos, como se fossem empresas independentes, por meio da fixação de preços internos para as vendas, também internas, de produtos e serviços transacionados entre si (preços de transferência), também é um exemplo de parte da contabilidade gerencial. Caso uma empresa elabore balanço e demonstração do resultado interno, apenas para sua própria administração, com base no regime de caixa, e, faça uso do regime de competência para a sua contabilidade geral, está utilizando também um tipo de contabilidade gerencial. São próprios da contabilidade gerencial relatórios, tais como: fluxo de caixa, orçamentos periódicos, relatórios de desempenho gerais e setoriais, etc. Todos eles buscam os dados básicos na contabilidade geral e os complementam ou rearranjam para a utilizar na administração econômico-financeira das empresas. Vê-se, assim, que a contabilidade gerencial nada mais é do que um sistema de informação cujo objetivo é prover a administração com observações que não estão inseridas na contabilidade geral por divergirem dela quanto à classificação, ao critério de avaliação, etc. (apesar de poderem ser classificadas como contábeis). 2.3 A contabilidade como instrumento gerencial O desenvolvimento tecnológico, o crescimento das organizações e a complexidade do ambiente econômico têm dificultado o entendimento e a gestão dos negócios. A conseqüência natural desse processo é a necessidade, cada vez maior, de informações que auxiliem os administradores nas tomadas de decisões, conforme IOB (2001). A contabilidade caracteriza-se por registrar todas as transações da organização, constituindo-se num grande banco de dados. Os dados contábeis são matérias-primas de informações; portanto, não basta possuí-los, é necessário, que eles sejam tratados, para que gerem informações úteis e representem um instrumento gerencial para o processo decisório. O que observamos, na grande maioria das organizações, é que, em razão principalmente da influência fiscal, ocorrem distorções relevantes nas informações contábeis. As demonstrações contábeis legais tornaram-se de difícil entendimento e de pouca utilidade, o que leva à contabilidade a imagem de algo que existe somente para o atendimento da fiscalização, ficando relegado, a segundo plano, o atendimento às necessidades da gestão dos negócios. Cabe aos contadores e aos administradores, em primeiro lugar, o desafio de reverter essa situação, pois a contabilidade possui tecnologia que, com criatividade, talento e garra, podem contribuir com o corpo gerencial da organização. Não se pode fazer uma boa administração só com a contabilidade, mas dificilmente há uma boa gestão sem se utilizar dela. Esta, porém, tem de ser ágil, flexível e útil, direcionada à gerência do negócio. 2.4 Características da informação contábil gerencial Conforme IOB (2001), as características da informação contábil para uma boa gerência podem ser resumidas em:
Um aspecto fundamental é definir quem utiliza o produto da contabilidade a qual não se dirige apenas ao fisco ou aos bancos e fornecedores. O entendimento do negócio e o conhecimento da necessidade do usuário da informação contábil são fatores básicos para que os dados sejam trabalhados corretamente e a mensagem seja assimilada. A contabilidade, para vender o seu produto e se valorizar, deve organizar-se de modo que mantenha um processo contínuo de comunicação com seus usuários, que, em última análise, são os seus clientes, buscando perceber seus anseios e suas necessidades para que possa ser um instrumento gerencial eficaz. Os principais usuários da contabilidade são os altos executivos e todos os setores da organização. A informação, neste caso, varia quanto a sua forma de apresentação e o seu grau de refinamento. Para a alta gerência, as informações devem receber um alto grau de refinamento e devem ser apresentadas de forma resumida e objetiva, evidenciando os grandes números. Para a gerência intermediária, os dados também devem ter um alto grau de refinamento, mas a apresentação deve ter mais detalhes, possibilitando o planejamento, o controle e a tempestiva ação, com medidas necessárias que reforcem ou revertam cada situação apresentada. As informações, para o nível operacional, são apresentadas de forma longa e analítica, praticamente em estado bruto. A grande beneficiária dessa postura é a empresa, principalmente, neste período de grande acirramento da concorrência. Situação que a contabilidade gerencial representa uma arma poderosa e ganha quem estiver melhor preparado. 2.5 A evolução tecnológica e a modernização dos sistemas de custo Com a globalização, as empresas entram em um novo estágio evolutivo, pois estão cientes que as tradicionais práticas administrativas não são mais apropriadas num mundo de competição crescente e de economias sem fronteiras. Essa crescente competitividade mundial passou a exigir, cada vez mais, informações apuradas de custo. A par disso, as inovações tecnológicas progridem a cada dia, criando novas necessidades, abrindo novos mercados e alterando os processos tradicionais de produção. Sem dúvida, os sistemas gerenciais de custos devem acompanhar essas mudanças. É praticamente impossível prever exatamente como se comportarão e funcionarão esses sistemas no futuro. Entretanto, uma coisa é certa, serão radicalmente diferentes dos existentes. Essa transição para o futuro deve caracterizar-se por grandes mudanças. Para os administradores ou responsáveis, pelos custos à consciência dessas mudanças, será fundamental, por duas razões básicas:
2.6 As mudanças como chave do sucesso A chave principal do sucesso das empresas na administração dos seus custos esta na sua capacidade de desenvolver uma mentalidade e uma visão voltadas para o futuro. Nos próximos anos, continuaremos a ver o desenvolvimento e o desenho de novos materiais, avanços na tecnologia de produção e maior integração do trabalhador com a automação. O conhecimento atualizado do processo de produção é fundamental para o responsável pelo custo; ele deve constantemente estar disponível para a absorção dos novos métodos de produção de classe mundial. O controle dos custos, que tem por objetivo a sua redução, é a chave do sucesso das empresas. Estoques são substituídos por programas just-in-time, controle de qualidade total, processos de produção flexível e muitos outros são de implementação contínua. Como exemplo, temos algumas empresas do ramo automobilístico que já constroem suas fábricas com a presença, na mesma área, de seus principais fornecedores, chamados "sistemistas", efetuando o pagamento pelo volume produzido e não mais na entrega. Entre tais empresas, tem-se: G.M., em Gravataí, no Rio Grande do Sul; Ford, em Camaçari, na Bahia e V.W. em Taubaté, em São Paulo. A redução dos estoques nas empresas terminais é significativa, pois apesar de estarem fisicamente na empresa, pertencem ao fornecedor. O elemento chave desse novo processo de produção é o tempo. Todas as funções na empresa, desde a engenharia da fábrica, do produto à logística e as operações de produção, são reestruturadas para reduzir o tempo de produção. Identicamente, merecem atenção as operações de pós-produção, porque todos os benefícios de um processo de produção flexível são eliminados se a empresa não reduzir o tempo de entrega do produto. Cuidados especiais também são tomados quanto à garantia dos produtos. Com essas mudanças, cada vez mais, a mão-de-obra direta e indireta passa a ser substituída pela tecnologia. Com os sistemas integrados de produção computadorizados, o ciclo de introdução de novos produtos já é reduzido significativamente, pois o uso de bancos de dados permite desenhar a peça e automaticamente especificar as ferramentas e os dispositivos necessários para a sua produção, e, ainda, preparar a programação dessa produção. Essas mudanças, além de afetar diretamente os empregados do "chão-de-fábrica" que ao utilizar essa tecnologia ganham também uma maior responsabilidade, afetam também todos os elementos participantes do controle financeiro, principalmente os responsáveis pela apuração dos custos. 2.7 A preocupação com os sistemas de custos tradicionais Como essas mudanças vêm ocorrendo de forma muito rápida, existe a preocupação de que os sistemas de custos tradicionais já não atendam adequadamente às necessidades atuais de administração e controle de custos. As tecnologias avançadas de produção, ao alterarem significativamente o processo de produção, provocam sensíveis alterações nos padrões de comportamento dos custos. Essas alterações provocam redução dos custos dos materiais, da mão-de-obra direta e um aumento significativo dos custos indiretos de fabricação (engenharia de fábrica, maior robotização aumenta a depreciação, etc.). Essa mudança de representatividade dos custos de produção, quando calculada de acordo com os sistemas tradicionais de custeio por absorção, devido às bases de rateio dos custos indiretos, provoca distorções nos custos apurados por produto e gera críticas significativas quanto a sua exatidão. Essas distorções existem e aumentam o interesse do alto escalão administrativo da empresa por uma análise de custos mais profunda que possa corrigi-las, utilizando para isso a contabilidade gerencial. 2.8 As falhas atuais dos sistemas de custos Em princípio, a maioria dos especialistas afirma que os sistemas atuais de custo, considerados tradicionais, não estão preparados para o controle das fábricas do futuro, principalmente, porque na contabilidade atual:
Na opinião de especialistas, o problema real e o desafio não estão relacionados apenas com a técnica a ser empregada, e sim, muito mais, com o treinamento do elemento humano que participa no gerenciamento do novo sistema de custos. No entanto, esse elemento humano apresenta dificuldades em absorver novas técnicas de custeio, devido à falta de instrução técnica apropriada. Os programas de custos em muitas escolas são falhos tanto no ensino do sistema tradicional quanto no que diz respeito às novas técnicas. Algumas publicações existentes em nosso País, sobre o assunto, ou são traduções, sem nenhuma adaptação à nossa realidade, ou falham em não apresentarem exemplos práticos. 2.9 Técnicas e métodos de contabilidade de custos O sistema desenhado para administrar os custos, nesse ambiente de modificações, não deve ser apenas o de apurar as contas de estoque ou de demonstrar a eficiência da produção, ou de determinadas operações individuais. As medidas de eficiência da mão-de-obra direta devem, em primeiro lugar, ser descontinuadas, devido ao elevado grau de automação do processo de manufatura, que vem reduzindo, progressivamente, a importância da mão-de-obra no custo total da empresa. Em seu lugar, tais medidas devem concentrar-se sobre a qualidade e a eficiência de todo o processo de produção e, principalmente, sobre os custos indiretos de fabricação. A tendência, na empresa do futuro, é de não existir a necessidade do controle de estoques da maior parte das matérias-primas. As matérias-primas e os produtos em processo devem pertencer aos fornecedores, os quais são pagos pelo volume produzido. Sempre que possível, os custos indiretos de fabricação devem ser diretamente atribuídos ao processo ou ao produto acabado. Alocações devem ser evitadas, e limitadas aos custos que são realmente gerais em natureza, como o seguro de prédios e aluguéis, por exemplo. Uma vez que a influência da mão-de-obra direta é reduzida, a sua escolha como base para absorção dos custos indiretos de fabricação deve ser descartada. No desenvolvimento do custo do produto, os custos indiretos de fabricação devem ser aplicados em outras bases mais apropriadas. Em muitos casos, particularmente nas áreas de usinagem, as horas-máquina são, provavelmente, a base que melhor reflete o consumo de recursos. Como resultado da grande especialização do produto, somente uma taxa de absorção é necessária para cada célula de manufatura. Considerando que cada célula é diferente e requer uma análise individual, os custos indiretos são aplicados com base em alguma medida de produção ou de maior consumo de recursos. Exceto nos casos em que a mão-de-obra é intensiva, o custo desta mão-de-obra é parte integrante do gasto total da célula. O "custo da conversão da célula" passa a ser uma nova medida de desempenho. A simplificação do sistema de contabilidade de custos e a manutenção da contabilidade gerencial, sem dúvida, são um benefício significativo para a empresa quando são adotados métodos modernos de manufatura. Após a implementação de células, uma empresa pode medir a produtividade e o estoque com base na produção unitária. É extremamente importante que o custo não utilizado da capacidade seja identificado e medido. Segundo especialistas, na fábrica do futuro, a definição tradicional do custo do produto necessita ser expandida. A soma de todos os custos diretamente associados com o processo de manufatura pode ser menor do que o total dos custos de engenharia e desenvolvimento. Sem dúvida, o montante dos investimentos nessa nova tecnologia é mais significativo. A rápida mudança de tecnologia que ocorre no produto e no processo de produção, causado pelo menor ciclo de vida do produto, é o fato gerador desse custo. Atualmente, e ainda por alguns anos, esse moderno processo de manufatura requer um sistema de custos que combine essa nova técnica com métodos tradicionais que continuam a ser empregados em áreas onde a mão-de-obra continua intensa. O sistema de custo deve ser flexível o suficiente para acomodar esse desafio. A análise dos custos por produto e sua lucratividade passa a ser desenvolvida para o ciclo de vida do produto, tornando-se uma importante ferramenta para a tomada de decisões gerenciais. Dessa forma, há maior preocupação com a acumulação dos custos durante o período de desenho, produção, comercialização e suporte do ciclo de produção do bem, do que com sua produção física, ocorrendo conseqüentemente reduções significativas de custo. Com os relatórios gerados pela nova contabilidade gerencial, o administrador e o gerente passam a ter melhor visão de lucratividade por produto, podendo, conseqüentemente, planejar melhor suas atividades. 2.10 A preparação do elemento humano Um tempo considerável tem sido dedicado por muitos estudiosos ao projeto de um novo sistema de custos, que possa, apropriadamente, suportar as necessidades da indústria moderna. À medida que esses estudos são testados, é importante que eles sejam transmitidos aos elementos que devem cuidar da sua aplicação prática. Se isso for ignorado, todos os esforços constituem simples perda de tempo, pois a educação e o treinamento são fundamentais para o seu sucesso. Isso somente será possível com o apoio da alta cúpula das empresas ao programa de treinamento que deve incluir, além do pessoal da contabilidade gerencial e de custos, os analistas e os gerentes de outras áreas co-relacionadas. Infelizmente, os executivos que possuem o poder de decisão para efetivação desses gastos de treinamento podem não ser receptivos à idéia, pois muitos deles tiveram o seu próprio aprendizado profissional baseado no sistema tradicional e, muitas vezes, não reconhecem as profundas modificações ocorridas ao longo dos últimos anos. A reeducação do pessoal envolvido com esse treinamento deve ser iniciada de imediato. O indivíduo precisa voltar a aprender. CAPÍTULO III A NECESSIDADE DA CONTABILIDADE GERENCIAL NAS EMPRESAS 3.1 Os novos rumos da contabilidade gerencial Nos últimos anos, os serviços de contabilidade sofreram grande transformação devido ao avanço tecnológico, a globalização, a estabilidade da moeda nacional entre outros, o que causou grande impacto nas empresas prestadoras de serviços dessa natureza, bem como para as empresas que mantêm sua própria escrituração. O Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, é desafiado constantemente a manter a categoria frente às mudanças, conforme dispõem seus próprios princípios de manter profissionais capacitados e atualizados no mercado nacional. Profissionais contábeis garantem que há, ainda, um longo caminho a ser percorrido pelos colegas dessa área, que são muito beneficiados pelos novos rumos por que o setor vem passando. Vivemos um momento de grande transição, os profissionais contábeis e os administradores de empresas preocupam-se amplamente com os avanços tecnológicos na contratação e realização de serviços.
As empresas de serviços contábeis e administrativos tendem a dividir-se em antes e depois da informática. Nesse âmbito, fica claro que hoje em dia, é muito mais fácil trabalhar com os arquivos eletrônicos dos clientes, pois são mais seguros, mais práticos e, permitem uma pequena margem de erros na digitação dos dados. A informática possibilita que a contabilidade gerencial invada outras áreas e o cliente está precisando disso, já que as suas expectativas vão muito além da atividade fiscal e contábil pura e simples. Entre outros serviços solicitados ao profissional de contabilidade e ao administrador de empresas, podemos citar: custos e orçamentos, finanças e fluxo de caixa, planejamento estratégico, gestão de negócios, ativo imobilizado, recursos humanos etc. 3.2 Assessoria: um mercado necessário na contabilidade gerencial Os profissionais da área contábil estão longe de merecer credibilidade profissional, pois poucos conseguem ter uma expressão política, participar de Congressos por meio de Audiências Públicas, no Núcleo Parlamentar de Assuntos Tributários ou, mesmo, na Comissão de Finanças e Tributação. Problemas constantes como, por exemplo, os de empresários que acreditam ser tremendamente espertos e que tiram vantagem total pela contratação de serviços contábeis e administrativos baratos, atrapalham, e muito a credibilidade dos profissionais que fazem o serviço de uma forma idônea, seguindo todos os princípios normativos e regras da lei. Um profissional contábil ou administrador de empresas, que recebe menos que o seu custo de operação mensal, o que pode oferecer de bons resultados para a empresa?. Não é necessário muito esforço para saber que isso implica colocar em risco o próprio empresário e a gestão da empresa. Quando uma obrigação acessória não é cumprida, gera multas altas, que podem chegar a 2% (dois por cento) do imposto devido mesmo que pago. Existem ainda algumas multas que incidem sobre o faturamento bruto da empresa. Mas esse mesmo empresário, não se preocupa em saber o que está contratando, às vezes, tratando o administrador de empresas e o contador como um mal necessário. Com isso, acaba, muitas vezes, pagando mais imposto do que deveria e não consegue ter uma contabilidade bem planejada, que lhe permita comparar quais as vantagens de tributação que deve enquadrar sua empresa, como, por exemplo, no caso de opção pela tributação do lucro presumido ou do lucro real, também não pode comparar e avaliar a possibilidade de manter uma escrituração completa, conforme determina a lei, e uma escrituração simplificada, apenas de um livro caixa, que, por sua vez, não atende aos requisitos da legislação comercial e é facultada a determinados contribuintes pela legislação federal. Infelizmente, a empresa somente se lembra da área contábil quando recebe uma notificação, normalmente da Receita Federal ou, infelizmente, identifica algum desvio de recursos.
Assim, todas as empresas são obrigadas à manutenção da escrituração contábil, ainda que a legislação do imposto de renda permita que determinadas empresas, como é o caso das empresas optantes pelo simples e pela tributação com base no lucro presumido, escriturem apenas o livro caixa. Portanto, a escrituração somente do livro caixa, para as empresas optantes pelo simples ou tributadas com base no lucro presumido, trata-se de regra permissiva da legislação fiscal. Perante a legislação societária, falimentar, de licitação etc., essas empresas são obrigadas à apresentação da escrituração do livro diário e a apresentação das demonstrações contábeis do resultado do exercício, balanço patrimonial e demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. A escrituração completa é aquela disciplinada pela legislação comercial e é feita em conformidade com a técnica contábil, no livro diário, atendendo aos requisitos da legislação comercial e fiscal. Conforme ressalta ANAFF (2002), o código comercial brasileiro, no art. 10, e o decreto-lei nº 486, de 03-03-1.969, no art. 1.1 determinam que todos os comerciantes são obrigados:
Portanto, a forma de escriturar as operações é de livre escolha do contribuinte, dentro dos princípios ditados pela contabilidade, não cabendo às repartições fiscais opinar sobre os processos de escrituração, os quais só estão sujeitos à impugnação quando em desacordo com as normas e padrões de contabilidade, geralmente, aceitos ou que possam levar a um resultado diferente do legítimo (PN CST nº 347170). 3.3 Sobrevivência e mortalidade das empresas. A realidade de uma empresa duradoura é privilégio de poucos. Em uma pesquisa realizada pelo SEBRAE-SP. Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas no Estado de São Paulo e FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, apenas 29% (vinte e nove por cento) das empresas permanecem em atividade por mais de 5 (cinco) anos. Apenas 42% (quarenta e dois por cento) dos empresários buscaram assessoria para a condução de seus negócios. Tal fato reforça a teoria de que o planejamento anterior à abertura do negócio ainda não é levado em conta pelo empreendedor paulista. Os motivos mais citados pelo fechamento das empresas são:
Vale ressaltar, que a maioria dessas empresas, simplesmente fecham as portas e interrompem as atividades, sem dar baixa na JUCESP- Junta Comercial do Estado de São Paulo. Essa atitude pode trazer conseqüências muito graves no futuro, pois, para o fisco, a empresa ainda está em atividade. À mortalidade das empresas, não é atribuída uma única causa, mas acúmulo de diversos fatores, dentre eles:
O mundo atual é competitivo. Nunca antes, o mundo do trabalho foi tão desafiador, sendo imperativo, para a carreira, aprender habilidades de administração. Nunca antes, as pessoas tiveram tantas oportunidades com tantas recompensas potenciais. Para sobreviver e prosperar, os empresários e os administradores atuais têm de pensar e agir estrategicamente. Os consumidores, de hoje, são bem educados, conscientes de suas opções e exigem excelência. Por essa razão, os administradores e empresários devem pensar sobre como construir uma força de trabalho capaz e gerenciá-la de modo que produza bens e serviços que forneçam o maior valor possível ao consumidor. CAPÍTULO IV APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS O Município possui um universo de 1.356 (um mil trezentas e cinqüenta e seis) empresas cadastradas, na Associação Comercial e Industrial de Itápolis, conforme pesquisa realizada junto à secretaria da referida entidade. O questionário (ver anexo) de levantamento de dados foi aplicado em 135 (cento e trinta e cinco) empresas, o que representa uma amostragem de 10% (dez por cento) da população existente, resulta nos gráficos que se apresentam, daqui em diante. GRÁFICO 1 Distribuição do ramo de atividade das empresas instaladas em Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Considerando o gráfico 1, mostrado anteriormente, em relação ao ramo de atividades das empresas pesquisadas, apura-se que 59% (cinqüenta e nove por cento) das empresas investigadas pertencem ao comércio varejista, 18% (dezoito por cento), às atividades mistas, ou seja, comércio, indústria e serviços conjugados, 12% (doze por cento), às prestadoras de serviços; 7% (sete por cento), às indústrias e, finalmente, 4% (quatro por cento) ao comércio atacadista. Quanto ao tempo de estabelecimento das empresas, tem-se o seguinte gráfico: GRÁFICO 2 Distribuição do tempo de exis- tência das empresas instaladas em Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Com relação ao gráfico 2, observa-se que 4% (quatro por cento) das empresas iniciaram suas atividades há 6 meses, 16% (dezesseis por cento), há um ano; 14% (catorze por cento), há dois anos; 24% (vinte e quatro por cento), há três anos; 23% (vinte e treis por cento), há quatro anos; 11% (onze por cento), há 5 anos, e, finalmente 8% (oito por cento) possuem mais de cinco anos de atividades. Quanto à questão referente as dificuldades enfrentadas pelas empresas, temos o seguinte gráfico: GRÁFICO 3 Distribuição da maior dificul- dade das empresas instaladas em Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Com relação às dificuldades encontradas nos mais diferentes ramos de atividades pesquisadas, constatou-se que em 52% (cinqüenta e dois por cento) das empresas o problema diz respeito à falta de capital de giro, 26% (vinte e seis por cento) encontram muitas dificuldades para realizar operações financeiras junto aos bancos, 13% (treze por cento) não conseguem acompanhar as constantes oscilações de preços do mercado, e, finalmente, 9% (nove por cento) não encontram mão-de-obra qualificada. Quanto ao número de departamentos das empresas pesquisadas, obteve-se o seguinte gráfico: GRÁFICO 4 Distribuição dos departamentos existentes nas empresas instaladas em Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Em relação à existência e ao tipo de departamentos nas empresas pesquisadas apurou-se que em 97% (noventa e sete por cento) das empresas não existe divisão de departamentos, em apenas 3% (treis por cento) existem divisões ou departamentos; entre eles, os mais citados foram: financeiro, recursos humanos, contábil, administrativo e marketing. Com relação à contabilidade da empresa, tem-se o gráfico 5 se segue abaixo. GRÁFICO 5 Demonstração de como é realizada a contabilidade das empresas de Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Quanto à contabilidade, questionou-se se a empresa mantém sua própria escrituração ou se ela é terceirizada e se este é o caso, qual o motivo que a levou a isso. Nesse sentido, foi apurado que em 96% (noventa e seis por cento) dos casos, a empresa é terceirizada em virtude de custos elevados e em apenas 4% (quatro por cento), a contabilidade é realizada pela própria empresa com profissionais habilitados. Sobre os relatórios e peças contábeis, obteve-se o gráfico 6, logo abaixo: GRÁFICO 6 Demonstração de conhecimento das peças contábeis dos empresários de Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Ao questionar sobre o acesso a peças contábeis como balancetes, relação de vendas e outros relatórios que visam informar a situação da empresa, constatou-se que em 97% (noventa e sete por cento) dos casos, o empresário não tem acesso a essas informações, ou então só as têm quando é solicitado por algum órgão ou instituição bancária, sendo que apenas 3% (treis por cento) têm acesso a essas peças e relatórios mensalmente. Para a questão referente aos controles contábeis internos, tem-se o seguinte gráfico: GRÁFICO 7 Demonstração da existência de con- troles contábeis internos das empresas de Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Quanto a controles internos que possam auxiliar na administração e na contabilidade das empresas, apurou-se que 12% (doze por cento) das empresas possuem controle, embora não tão eficazes como deveriam ser, e em 88% (oitenta e oito por cento) não existem controles específicos, apenas controles gerais, como movimentação bancária, compra e venda. E quanto ao conhecimento do empresário sobre o regime tributário a que sua empresa está submetida, tem-se o seguinte gráfico: GRÁFICO 8 Demonstração do conhecimento dos empresários sobre o regime tributário de suas empresas instaladas em Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Em relação ao gráfico 8, constatou-se que 92% (noventa e dois por cento) das empresas pesquisadas tem um conhecimento superficial do regime da carga tributária de seus impostos, enquanto que apenas 8% (oito por cento) possuem um conhecimento mais aprofundado a respeito desse assunto. Com relação à questão referente a carga tributária, obteve-se o gráfico 9, logo abaixo. GRÁFICO 9 Demonstração do conhecimento dos empresários sobre a carga tributária de sua empresa instalada em Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Quanto à questão sobre o total da carga tributária que a empresa está submetida perante a legislação federal, estadual e municipal, ou seja, quanto paga de imposto para exercer a atividade, foi apurado que 12% (doze por cento) sabem ou conhecem, ainda que não totalmente, o valor dos encargos e impostos devidos e 88% (oitenta e oito por cento) sabem que pagam, mas não conhecem ou tem noção exata da carga tributária dos impostos. Para a questão referente ao auxílio que a empresa pode ter, chegou-se ao seguinte gráfico: GRÁFICO 10 Demonstração das principais formas de auxiliar na administração das empresas Itápolis SP. FONTE Elaborado pelo autor. Finalmente, ao questionar os empresários sobre o que poderia ser feito para auxiliar na administração da sua empresa, apurou-se que 60% (sessenta por cento) gostariam de saber exatamente os seus custos diretos, pois, não têm esse importante controle dentro da empresa, 21% (vinte e um por cento) gostaria de conhecer informática, pois facilitaria muito, na administração, o uso dos computadores, uma vez que com a ampliação do movimento, torna-se impossível o controle à moda antiga, ou seja, fichas, cadernos e outros tipos de controles já ultrapassados, 14% (catorze por cento) acham que a obtenção de crédito junto aos bancos, ajudaria muito na administração e 5% (cinco por cento) gostariam de ter uma assessoria constante, ou seja, no dia-a-dia, para orientação de métodos e procedimentos atuais de administração. CAPÍTULO V DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O COMÉRCIO DE ITÁPOLIS
O comércio de Itápolis possui os mais diferentes ramos de atividades que um consumidor necessita, porém, a maioria das empresas, instaladas em nossa cidade, tem como atividade o comércio varejista, que é destinado ao consumidor e ao usuário final, seguido de perto pelas atividades mistas que, além do comércio varejista, possuem a prestação de serviços em conjunto, com a finalidade de facilitar a vida do consumidor e a prestação de serviços de profissionais liberais. Indústria e comércio atacadista também fazem parte de nosso comércio, porém não são destacados como as principais atividades em nossa cidade. Tais empresas possuem um tempo de atividade relativamente estável. A maior parte delas são estabilizadas e já estão no mercado exercendo suas atividades dentro de um período de dois a cinco anos. Uma pequena parte das nossas empresas são novas, ou seja, iniciaram suas atividades entre seis meses e um ano, como também existem as mais tradicionais, que já estão estabelecidas há mais de quatro anos, fornecendo seus bens ou serviços a nossa população, sempre com zelo, qualidade, honestidade e dedicação Como acontece na economia brasileira, que vive um período de grande instabilidade, não poderia ser diferente em nossa cidade, onde mais da metade das empresas de Itápolis encontram dificuldades em manter o capital de giro para seu funcionamento, (ver gráfico 3, p. 48). Também é muito comum, as empresas, principalmente as micro e pequenas empresas, conseguirem um financiamento junto às instituições financeiras. No entanto, embora o Governo anuncie planos de financiamentos aos pequenos e médios empresários, não é exatamente isso que acontece na realidade, pois a burocracia e as exigências dos Bancos barram as empresas que não conseguem ter acesso a créditos. Outro fator que, na atualidade, também é determinante para as empresas é a constante modificação de preços e a velocidade de informações disponíveis no mundo dos negócios. Muitos empresários não conseguem acompanhar essas mudanças, pois para isso, são necessários, investimentos em máquinas e tecnologias que, na maioria das vezes, tornam-se inviáveis para a empresa que não pode dispor desses recursos. No entanto, quando têm esses equipamentos, falta o conhecimento, mínimo necessário, para a operação de programas de computadores, que são cada vez mais sofisticados e requerem um conhecimento específico de informática, para que possa ajudar na administração. Os empresários, de um modo geral, não estão aptos a operarem sistemas mais complexos que exigem um conhecimento mais aprofundado em informática, e ainda não encontram, com tanta facilidade, como nos grandes centros, mão-de-obra qualificada, pronta, para, de imediato, satisfazer essas necessidades. As empresas de nossa cidade não possuem divisões de departamentos, (conforme gráfico 4, p. 49) apenas uma minoria trabalha dessa forma. A respeito desse comportamento, concluímos que somente uma pequena parte das empresas trabalha de forma correta, ao contrário da grande maioria (micro e pequenas empresas) que delega a um indivíduo (gerente ou proprietário) um setor, chamado geral, no qual tem de comprar, vender, atender os funcionários, fazer marketing e cuidar do departamento financeiro. Cada departamento de uma empresa deve ser independente, estabelecer uma meta. Para um bom desempenho, deve-se, inicialmente, ter um planejamento estratégico. Não é possível acreditar que no mundo globalizado, empresas familiares que sobreviviam no passado, estejam sobrevivendo a tantas mudanças sem nenhum tipo de reestruturação. É preciso estar atento. O consumidor torna-se cada vez mais exigente e suas opções cada vez mais abundantes, é necessário criar, inovar, sair na frente e estar bem informado, para manter-se vivo no mercado. Conforme se pode observar no (gráfico 5, p. 49), a maior parte da contabilidade das empresas de Itápolis é feita por terceiros, ou seja, por profissionais estabelecidos com esta finalidade específica, enquanto que uma pequena parte dessas empresas mantêm sua contabilidade dentro da própria empresa. O principal motivo para esse fato é, sem dúvida, o custo, pois é muito mais barato manter a contabilidade terceirizada do que dentro da própria empresa. Porém, há uma desvantagem muito grande. Entre elas, podemos citar a dificuldade em conhecer a situação patrimonial do momento, a posição exata das contas, os estoques, as vendas, o movimento bancário, etc, que são controles vitais da empresa, mas não são realizados dentro da mesma. Investir em máquinas, equipamentos e profissionais qualificados para manter a contabilidade dentro da empresa é o ideal para todo empresário, pois garante um suporte maior à administração, no sentido de ter informações que possam mudar estratégias e obter maiores lucros. Como conseqüência de não manter a contabilidade dentro da empresa, o empresário não tem o costume de acompanhar o movimento da empresa, sabe somente de suas vendas e das compras, através de alguns poucos controles internos que mantém e não tem conhecimento da situação patrimonial como um todo (ver gráficos 6 e 7 p. 50 e 51). O balanço patrimonial da empresa só é visto quando torna-se uma exigência, ou seja, em situações de solicitação de financiamento, de renovação de cadastro junto aos bancos, etc. O empresário solicita o balanço patrimonial, mas não tem o hábito de acompanhá-lo mensalmente, perdendo dessa forma a oportunidade de analisar sua estratégia atual e promover talvez uma mudança em sua política empresarial, com a finalidade de obter um lucro maior. Comparar o faturamento é uma boa opção para novas estratégias de vendas em relação aos estoques existentes e realizar novas promoções, enfim uma infinidade de opções deixa de ser explorada quando não se acompanha a situação patrimonial no dia-a-dia. Os controles internos são válidos e necessários, porém devem ser elaborados com assistência de um profissional que vise fornecer e apurar resultados para tomada de decisões e para o bom funcionamento da empresa. Não basta tão somente a contabilidade, é necessário que a empresa mantenha a contabilidade gerencial dentro de sua sede. A junção de todos os seus controles tabelados é que dá suporte para tomada de decisões corretas e com riscos menores. Quando não se conhece uma situação, jamais se pode determinar uma ou outra saída como estratégia, pois sem conhecimento de causas e efeitos, muitas vezes, os controles internos das empresas tornam-se precários e utilizados somente para uma finalidade. Assim, é preciso planejar para que esses controles sejam eficazes e possam auxiliar, de fato, na administração. Normalmente, o pequeno e o médio empresários não conhecem o regime tributário a que sua empresa está submetida, (ver gráfico 8, p. 51) paga seus impostos sem a noção exata da carga tributária que deve em relação ao seu faturamento. Informar-se desses percentuais e da sua aplicação na atividade exercida pela empresa, é de fundamental importância tanto no campo trabalhista como no fiscal e contábil. Muitas vezes uma simples mudança de opção de tributação desonera bastante a empresa, que deixa de pagar impostos, obtendo maior lucro. Uma mudança dessa não é simples, mas se bem planejada, com certeza, garante uma enorme diferença entre os impostos que estão sendo pagos e aqueles que são pagos após a alteração. As empresas que não conhecem seus custos reais e não mantêm sistemas informatizados atualizados, são mais passíveis de se deparar com os problemas citados anteriormente, essa talvez seja a grande causa de todos os problemas enfrentados no cotidiano. Com pleno conhecimento do custo real é muito mais fácil administrar. O processo de mudança na história da humanidade não é um movimento de velocidade estável, ele acelera à medida que o tempo passa. A rapidez com que as coisas mudam, hoje em dia, chega a ser, em muitas áreas, atordoante. Em nada lembram o ritmo lento das mudanças de outros tempos, tão compassado e que muita gente julgava viver em uma sociedade de costumes e padrões cristalizado que jamais mudariam. O mundo empresarial não é exceção diante desse panorama de mudanças na sociedade moderna. A competição é acentuada a cada dia, os consumidores de bens e serviços tornam-se mais exigentes e mais conscientes dos seus direitos, a complexidade do mercado e das linhas de produtos aumentam no ritmo das novas expectativas dos consumidores, e, sobretudo, as constantes inovações tecnológicas revolucionam as especificações dos bens produzidos e dos processos de produções, alterando, inclusive, as antigas proporções entre os diferentes tipos de gastos que compõem os custos das empresas. Portanto, é preciso que mudanças ocorram continuamente, para que as faltas de ontem não prejudiquem o que deve ser feito daqui em diante. 5.2 Histórico da Associação Comercial e Industrial de Itápolis A Associação Comercial e Industrial de Itápolis surgiu da necessidade de tornar os setores comerciais e industriais do Município mais eficiente e competitivo na região. Com esse objetivo, Emílio Mucari idealizou e, juntamente com os demais membros, fundou a Associação em 31 de março de 1.946. A sede, no ano em que foi criada, localizava-se na Rua Barão do Rio Branco, na atual galeria do Calçadão, e levava o nome de prédio "Dona Chiquinha". Quatro anos mais tarde, a sede foi transferida para a Avenida Francisco Porto, antiga residência de Marinho Rosa. Em 1.950, sob a presidência de Manoel Pereira Borges, foi adquirido o atual prédio, onde funcionou a sede própria da Associação Comercial e Industrial de Itápolis, no período de 1.950 a 1.989, prestando serviços ao comércio itapolitano. Com o passar dos anos e com a deterioração das instalações, a Associação foi transferida para o Edifício Dr. Antônio Melucci, onde funcionou, provisoriamente, em uma sala do prédio comercial até o final do mês de junho de 2.001. O atual presidente Júlio César Nigro Mazzo aceitou o desafio de reformar e restaurar o prédio da antiga sede e, apesar das muitas dificuldades, em pouco mais de um ano, Júlio Mazzo conseguiu concretizar esse sonho. Em 06 de julho de 2.001, reinaugurou-se a sede própria da Associação Comercial e Industrial de Itápolis, com amplo espaço físico e modernas instalações, contando com auditório e salão de festas, para prestar o melhor atendimento ao comércio itapolitano.
O município de Itápolis tem o seu comércio embasado na agricultura que, hoje, vive uma época de estabilidade razoável. É uma cidade que tem a maior parte de seu município formado pelas lavouras de café, cana-de-açúcar e laranja. Quando há prática de preços estáveis na economia nacional, há uma tendência em aumentar o movimento do comércio local, que também sofre com as turbulências quando os preços agrícolas, principalmente, o da laranja não vão bem na economia mundial. Em uma cidade como a nossa, embora localizada no interior do Estado, o consumidor encontra, praticamente, tudo para satisfazer suas necessidades, não precisando buscar em outros municípios produtos para uso e consumo. A respeito disso, observa-se que existe uma consciência generalizada, por parte dos consumidores, em gastar no próprio Município. Essa atitude gera uma maior riqueza local, e contribui com o fator social, pois cria mais empregos, arrecadando impostos que retornam, de alguma forma, em benfeitorias para nossa cidade. Vale acrescentar que, ao realizar uma pesquisa informal junto ao cadastro na Prefeitura Municipal de Itápolis, Biblioteca Municipal e junto à secretaria da Associação Comercial e Industrial, constatou-se que um trabalho dessa natureza jamais havia sido realizado, ou seja, levando em consideração o comércio do município de Itápolis, especificamente. Como toda sociedade busca sempre o melhor, nossa querida Itápolis está privilegiada dentro do cenário nacional, temos tudo o que precisamos sem sair daqui e, como é próprio do ser humano evoluir e crescer, cremos, que seus governantes e empresários sempre estão buscando o "pico da pirâmide", alavancando nossa economia local, para dar melhor qualidade de vida aos nossos conterrâneos. Este livro foi publicado em dezembro 2.002 pelo autor Gilmar Mário Martinelli com base na monografia do bacharel em administração da FACITA - Faculdade de Itápolis (martinelliconsultor@terra.com.br). |